sábado, 5 de julho de 2014

Estória

Dois irmãos foram jantar com as respectivas mulheres, os filhos ficaram com as avós, a intenção de passarem um serão agradável e aproveitarem um pouco para se divertirem.
A Teresa sai da mesa para conversar com uma amiga que já não vê algum tempo, o seu cunhado Jorge também encontra um amigo com quem precisa de falar devido a uma situação profissional, na mesa ficam os cunhados sem saber muito bem sobre o que conversar, nota-se algum desconforto entre os dois, apesar de cunhados nunca conversaram muito.
O Miguel quebra o silêncio:
- Maria, esta noite sonhei contigo! - rindo-se
Maria fica espantada, não esperava este início de conversa, mas responde tentando não mostrar que a frase a tinha deixado um tanto curiosa.
- Espero que tenha sido algo de bom, não sonhaste que tinha uma doença terminal ou algo do género, pois não!?
- Não, claro que não! Nem acredito que o teu primeiro pensamento tenha sido esse.
- Oh, sei lá. Os sonhos por vezes são estranhos.
- Sim, é verdade, este foi estranho, mas bem agradável, podes ficar descansada.
A cunhada fica ainda mais curiosa.
- Ai sim, conta-me lá o teu sonho, estás a deixar-me bastante curiosa.
- Acredito que sim, mas antes prefiro ter a certeza de algo que me tem deixado desconcertado desde que nos conhecemos.
Maria não estava a gostar do rumo da conversa, pois desde que conhecera o seu cunhado sentira que gostaria de o ter conhecido antes do seu companheiro.
- Hum, sério!? Vais dizer-me que achas que não sou mulher para o teu irmão?
- Não é bem isso. O que senti foi algo estranho, mas uma sensação muito boa, senti o que vocês mulheres gostam de apelidar de borboletas no estômago.
- Miguel, acho que não é o momento ideal nem o local ideal para se ter esse tipo de conversa.
Após o seu comentário, Maria ficou com a sensação que errou, o que veio a confirmar-se.
Miguel, sorriu com o seu comentário, desde o momento que conheceu a sua cunhada sentiu-se como um miúdo que se tinha acabado de apaixonar, e ficou com a sensação que a sua cunhada sentiu o mesmo, não apenas nesse momento, mas com o passar do tempo.
- Desculpa, a minha resposta não foi a mais adequada.
- Porque não!? Desde que nos conhecemos senti uma enorme atracção por ti, não acho que seja apenas na minha cabeça, sentes o mesmo, não sentes!?
Maria permaneceu calada, aparentemente não era apenas da sua imaginação, os olhares do seu cunhado afinal eram uma realidade.
Miguel pressiona-a
- Diz-me a verdade, se for da minha cabeça, só te peço que esqueças esta conversa, que nunca aconteceu.
- Sim, sinto, mas tal como te disse não é o momento nem o local ideal para conversarmos sobre esse assunto, se é que temos algo a conversar.
Nesse instante, Teresa e Jorge regressam a mesa.
- Então, que conversa estavam a ter? Parecem comprometidos - Jorge ri-se
- Hahaha, tens muita piada, Jorge, estávamos apenas a ter aquela típica conversa sobre filhos.
- E que conversa é essa, Joana?
- Histórias do dia-a-dia dos miúdos.
- Não acredito - diz Teresa - saímos para nos distrairmos um pouco e vocês em vez de falar, sei lá, do tempo, de futebol, vão falar sobre filhos?
- Bem, para onde vamos? - tenta Miguel, desviando o assunto sobre o que se estava a passar na mesa - Vamos ao bar que abriu a semana passada?
- Sim, vamos, tenho ouvido óptimos comentários sobre esse bar - responde Maria
- Sim, vamos. Já estou farta de aqui estar, toca a mudar de ares - diz Teresa.

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